Daryl estava sentado num toco de árvore fazendo uma flecha
quando Nadia apareceu na frente dele segurando um prato com alguns pedaços de
bolo. Ele fingiu não perceber, mas ela se sentou no chão perto dele de qualquer
maneira.
– Eu fiz esse lanche para nós. É de laranja. – ela disse,
pegando um pedaço e começando a comê-lo.
– Por que tu teima que nem uma mula em cuidar de mim? – ele
perguntou de forma áspera.
Ela sorriu.
– Porque tu cuida de mim.
– Eu cuido de todo mundo. E tem outros caras que tomam conta
de todo mundo também.
– Eles são todos casados ou coisa assim. Pega um pedaço.
Tá bom!
– Não to com fome.
Eles trocaram um olhar pela primeira vez. Ele notou que ela
não estava feliz como de costume, principalmente depois que ela vislumbrou
alguns esquilos mortos pendurados no guidom da sua moto. “Que merda é essa” –
pensou ele, e desejou que nada disso estivesse acontecendo.
– Ouvi por aí que tu não come carne – ele falou com os
dentes fechados.
– Ouviu certo. Nasci assim – ela respondeu sorrindo
novamente.
– Também ouvi dizer que tu é do Brasil.
– Sou. Vim aqui para aprender inglês. Eu ia voltar até o
final desse ano, quando a neve começar a cair...
– Não gosta de neve?
– Só não sou acostumada. No inverno passado, meu primeiro
aqui, prometi a mim mesma que seguiria as aves migratórias! Acho que meus
planos vão ter que mudar um pouco agora ... Sabe? Eu queria viajar. Europa,
África do Sul, Índia, Austrália ... Eu tinha tudo programado. Toda a minha vida
eu fiquei longe dos homens por causa disso.
Ele olhou para ela como se seus olhos dissessem: “Agora eu
definitivamente não quero essa virgem maria no meu caminho”.
– Quer dizer, é difícil dar a volta ao mundo, se a gente tem
alguém especial esperando por nós.
Daryl ainda parecia ser muito hostil. Se alguém estivesse
realmente determinado a entrar em seu mundo, levaria uma vida inteira de
avanços e retrocessos. Nadia, no entanto, não estava nem um pouco determinada.
Ela pegou um pedaço de bolo.
– Bom, tinha um cachorro. Tem, não sei. Kiwi, porque ele
parecia um. Ele preferia meu vizinho por razões de churrasco! Eu simplesmente
não pude suportar a rejeição e fui tão longe quanto possível!
Sua recompensa para aquela piadinha, ela pensou, foi uma
segunda troca de olhares.
– Tu não tinha família?
– Ninguém próximo.
– Uns caras por aqui também não têm família.
Nadia não queria irritá-lo. Ela não queria irritar ninguém.
Engoliu o último pedaço de bolo que tinha na boca e disse num tom de voz muito
amável:
– Eu sei o que tu quer dizer. Só me deixa dizer uma coisa:
eu me sinto feliz por estar aqui falando contigo. Queria que tu sentisse o
mesmo, mas se tu não sente, é só me pedir pra ir embora. Eu vou entender.
– Vai.
– Tá.
Ela se levantou devagar, bateu o pó da bermuda e deu alguns
passos para longe dele. Sua mente era muito ativa, então ela já estava pensando
sobre o que poderia fazer em seguida para preencher o dia, quando ele gritou
seu nome.
– O quê? – ela perguntou se virando. Ela ficou parada por
alguns segundos intermináveis de Daryl, até que ele finalmente alcançou a mão
para pegar a prato e foi dar a ela de uma distância segura.
– Pega. Agora não voltar mais.
“Ele se importa muito comigo” – pensou ela, mas não sorriu
porque iria machucá-lo.
Ela desapareceu entre as árvores e ele começou a fazendo
flechas de novo, um monte delas, muito rapidamente. Então saiu para caçar. Sua
dor foi sua única companhia e ela voltou com ele, ainda pior naquela noite.
Ele tinha uma desculpa muito boa para ir para o acampamento,
no entanto: um cervo que ele não seria capaz de comer não porque era muito.
“Essa bruxa maldita!” – disse para si mesmo.
Ele olhou em todos os lugares, mas não conseguiu
encontrá-la. Sentou-se por um tempo com os outros, mas não conseguia descansar.
Era insuportável ver alguns deles preparando a carne. Talvez ele estivesse
muito cansado, talvez estivesse muito fraco, mas alguns lampejos das pessoas
comendo o cervo direto com os dentes fez ele querer atirar em todo mundo,
depois em sua própria cabeça.
– Viram a Nadia hoje? Ela não come, mas poderia nos ajudar a
preservá-la. – ele ouviu alguém perguntar e ficou bem furioso.
– Não fala bobagem! E eu não vejo ela desde o início da
tarde! – Daryl respondeu muito ameaçadoramente. A menina desaparece e vocês só
percebem quando precisam dela?
– Eu vi ela com uma pá e umas tábuas faz uma horas. Ela
parecia estar fazendo um caixão.
– Um caixão?! E tu não acha estranho?!
– Bom, olha em volta. Todo mundo tá morrendo...
– Só me diz onde viu ela!
– Perto do pântano...
Daryl o estrangulou apenas em sua mente, porque tinha que
correr para descobrir o que estava acontecendo. Havia apenas uma coisa
possível, ele presumiu: ela cavou uma sepultura, colocou um caixão dentro,
enterrou a si mesma e ninguém conseguiu ouvir o tiro por causa da terra.
“Espera aí! Tu é estúpido? Como ela ia colocar a terra de volta no buraco?
No entanto, ele viu seu local de morte. A dor quase o matou,
mas teve força suficiente para cavar e retirar a tampa do caixão para vê-la
calmamente deitada! Ele queria abraçá-la e dar um soco nela e beijá-la e
matá-la! Nadia sem pressa saiu do seu esconderijo, enquanto o escutava gritando
com ela.
– Tá maluca? O que tu acha que tá fazendo? Todo mundo tá
fazendo o melhor que pode pra sobreviver e tu simplesmente desiste? O que tu
tava tentando fazer? Sufocar aqui dentro?
– Por favor, abaixa a voz.
– Por favor, abaixa...
– Me ouve.
Ambos estavam sentados na terra, os pés mal tocando o fundo
do caixão, lado a lado.
– Um: esqueceu as coisas que eu disse ontem sobre viver em
vez de sobreviver quando aquela criança ia ser abatida? Dois: só imagina! Nada
pode vir desse lado por causa do pântano. Seria muito improvável me alcançar
desse lado por causa dos penhascos. Além disso, tem muitas árvores por todo o
lugar. E se tu tivesse prestado um pouco de atenção no meu abrigo, teria visto
um duto de ar terminando naquela árvore, o que torna quase impossível saber
onde eu to. Bom, pelo menos é disso que eu tava convencida. Eu tava testando a
coisa. Mas eu tinha certeza que tava segura, sabe? Eu só to um pouco
contrariada porque vou ter que fazer tudo de novo. Na verdade, não to nem um
pouco contrariada, pois era tu...
– Minha vez.
– Tá.
– Quer saber o que tu é pra mim? Quer... Eu não me importo
se tu quer! Não me importo se eu não quero falar sobre isso! Não sei que merda
tu tem na voz que eu to viciado nela. Tu é como um cigarro, ou uma droga mais
forte! Se te escuto, me sinto bem por um tempo. Se fico sem te escutar, tenho
que te encontrar. Se fico contigo por muito tempo, é overdose. Se penso que tu
tá morta, todo o resto acaba.
– Daryl...
– Não fala nada! Esquece o que eu disse! To tendo
alucinações! Vamos sair daqui! Vem pro trailer comigo se quer se sentir segura
o suficiente pra dormir. Posso consertar isso pra ti amanhã.
Ele se levantou muito rapidamente, agarrando o braço dela e
tentando puxá-la daquele lugar, mas soltou-a antes do que devia. Ela escorregou
no solo macio e caiu no abrigo, ferindo os joelhos. Ele saltou como uma flecha
para o esconderijo para ajudá-la a ficar de pé de novo, mas ela não conseguia.
Então, ele só a levantou para que ela pudesse sentar no solo de novo – tudo
isso sem dizer uma palavra e em segundos!
– Acho que consigo andar em alguns minutos...
– Não podemos esperar.
– Tu definitivamente não vai me colocar nos ombros. Não
quero preocupar ninguém. Eles fazem um monte de perguntas, sabe?
– Deixa comigo!
E ele a levou para fora da floresta nos braços.
– Daryl, talvez eu possa andar agora.
– Tu não é pesada. Continua comendo frutinhas. Quantos anos
tu tem?
– Vinte e três. Por quê?
– Só queria saber se tu não era menor. Tu é bon... bem mais
jovem em aparência...
Eles entraram no acampamento e alguns dos outros se
levantaram em apreensão, rapidamente perguntando o que tinha acontecido. Daryl tinha
tudo arranjado:
– Recém nos casamos! – ele respondeu tão rispidamente como
de costume, deixando-os espantados. Nadia riu um pouco e deixou que ele
cumprisse sua missão com um silêncio confortável.
Eles entraram no trailer para descobrir que a única cama já
estava sendo usada. Ou eles dividiriam um colchonete ou...
– Deita aqui. Eu vou ficar acordado de guarda.
– Isso me faz lembrar uma música...– ela sussurrou, sentando
no colchão.
– O quê?
Ela fez sinal para ele se aproximar. Ele deixou a besta na mesa
e sentou ao lado dela.
– Te fiz comida, velei teu sono... Fui teu amigo, te levei
comigo e me diz: pra mim o que é que ficou? – ela cantou em seus ouvidos. – É
sobre alguém confuso num mundo complicado.
– Eu?
– Todos nós.
Eles olharam um para o outro por um longo tempo. Nadia
estava apenas cantando em sua mente, mas Daryl estava muito confuso, porque ele
tinha crescido sem “braços de mamãe para segurá-lo, sem sorrisos de papai” de
jeito nenhum. “Mas por que merda eu quero que ela me abrace? Sorria pra mim e
cante de novo? Ela tá me transformando numa bicha! Se eu simplesmente fosse
emb...”
– Quer que eu cante outra música pra ti? Te faria dormir. Tu
é tão forte, mas é bom descansar de vez em quando. Vem, estica as costas aqui.
Ele queria resistir, ele realmente queria, mas estava tão
cansado, e a voz dela... Parecia comandar seus olhos até eles fecharem, e seu
corpo até ele fazer exatamente o que ela disse. Depois, Nadia começou a cantar
outra música, deitando ao lado dele. Ele ouviu o primeiro verso como se pudesse
entendê-lo, como se soubesse que ela era cheia de esperança. Depois, ela cantou
outro verso, chegando bem perto dele, a boca quase tocando seu pescoço:
– Todos os dias antes de dormir, lembro e esqueço como foi o
dia... Sempre em frente! Não temos tempo a perder...
– Essa é sobre o quê? – ele murmurou, não querendo ser rude
interrompendo-a, mas para tentar ficar acordado para sempre.
– Tempo. Tem muito tempo, mas não há tempo a perder.
– Pode continuar se quiser...
Ela o abraçou e terminou a música. Um longo silêncio se
seguiu até que ele simplesmente pegou a mão dela e perguntou:
– Me ensina a amar.
– Claro, Daryl, claro...
E eles simplesmente dormiram assim, compartilhando calor e
certeza.
Mas não durou para se tornar realidade. Quando Nadia
acordou, ele não estava mais lá, e ele passou o dia inteiro fora, tentando
esquecer que ela existia. Ele quase conseguiu, se não fosse por um bando
invadir o acampamento no meio da noite. O fogo o trouxe de volta, e o fogo lhe
permitiu ver os sobreviventes escapando em carros, deixando dois mortais para
trás. Ele foi até Nadia e não viu a outra moça desaparecendo na floresta.
Depois, eles correram para encontrar seus colegas de acampamento, o que não
demorou muito.
Eles encontraram um, dois, três dos veículos e a moto de
Daryl foi bem como uma agulha costurando todos juntos e levando aquelas almas
desesperadas para um lugar mais seguro. Ele era bom assim. Ele até queria ir
tentar encontrar algumas pessoas desaparecidas, mas cada um dos restantes teve histórias
de morte para contar. Além disso, quando ele viu que a área não era tão segura,
ajudou todo mundo a conseguir um carro melhor, a última gota de combustível que
pudesse encontrar e as poucas coisas úteis que foram deixadas para pegar.
Infelizmente, não o suficiente para chegar em algum lugar livre de perigo.
Apenas o meio de uma estrada rodeada por nada.
Quando pararam, famintos, assustados, gelados, pesarosos,
todos esses sentimentos negativos se transformaram numa discussão caótica cuja
principal consequência foi a revelação de uma verdade muito inconveniente: todo
mundo estava infectado.
– Exceto Nadia! – o cara disse, apontando para ela como se
ela fosse culpada. No segundo seguinte, todos olhavam para ela, depois pra si
próprios e para o cara que disse isso, e eles começaram a fazer perguntas para
se certificar de que era real. Quantas vezes eles tinham ouvido alguma
informação inegável, como “devemos amar nossos filhos”, “devemos ficar longe de
armas”, “devemos construir um mundo sustentável”? Eles nunca tinham ouvido de
verdade. Eles iam ouvir uma outra, no entanto. Uma muito dolorosa. Na verdade,
um fato novo para a maioria deles.
– É porque ela não come carne. – Daryl resmungou. Talvez o
sangue dela seja nossa esperança de encontrar uma cura.
Eles não podiam deixar de olhar para ela. Todos pensavam que
ela era só uma carga inútil de 16 anos que não tinha causado nenhum problema
sério – ainda. Agora, ouvir aquilo era como se Daryl os tivesse acertado com uma flecha
na cabeça, e ninguém era capaz de digerir uma ideia tão forte. Então, todo
mundo só mudou de assunto. Eles tinham que organizar um novo acampamento e
turnos de guarda. Eles tinham que pensar sobre o que fazer de manhã. Eles
tinham que sonhar com um mundo diferente. Um mundo cheio de Nadias em vez de
comedores de carne inconscientes...
Quando a primeira parte estava pronta, Nadia sentou bem ao
lado de Daryl, que se sentiu muito desconfortável, apesar de todos também
estarem muito próximos uns dos outros, à procura de segurança. Ela aninhou a cabeça
no peito dele e tremeu de frio, então ele instintivamente passou o braço em
volta dela para tentar aquecê-la um pouco, sentindo-se ainda mais estranho, mas
pelo menos ele achava que sabia por que estava mantendo distância dela.
– Onde estão as roupas que encontramos? – ele perguntou a
alguém.
– No primeiro carro.
– Vamos lá, vamos encontrar alguma coisa pra ti lá. – disse
ele, levantando-se.
Ela o seguiu imediatamente, mas ouviu uma das mulheres
dizendo: “Não sei que merda tá acontecendo entre os dois”. Seu primeiro impulso
foi de voltar e dizer-lhes tudo, mas então achou que seria rude, e ela ainda
não tinha decidido ainda o que fazer quando Daryl disse para ela se apressar.
Ele abriu o porta-malas, depois uma mala pesada, dizendo
para ela escolher algo rápido. Ela notou que ele não estava preocupado com um
ataque.
– Daryl, quando tu disse que queria que eu te ensinasse a...
– Eu tava doido! Não dá pra perceber agora?!
– Agora? Agora que o quê? Agora que precisamos um do outro
mais do que nunca? Porque eu preciso...
– Tu precisa ficar longe de mim! De todos os homens!
– Tu quer dizer...
– Quero dizer que tu não tá infectada e tem que continuar
assim! Tu acha que é só a carne? Eu andei pensando...
– É, to te entendendo agora. Sinto que não tenho outra opção
além de te contar uma historinha.
– Conta, então.
– Olha, eu perdi minha mãe quando tinha 11 anos. Eu era uma
criança doce, mas depois me tornei uma peste. Sabe? Um monstrinho totalmente
birrento.
– Tu? Difícil de acreditar.
– Até que aconteceu uma coisa – na minha festa de
aniversário de 13 anos. Uma coisa que me mudou completamente novo. Eu tinha um
primo... Ele era um pouco mais velho que eu e eu o odiava – bom, na verdade, eu
odiava todo mundo naquela época. Ele ficou para dormir e acho que decidiu se
vingar de tudo que eu tinha feito para ele... me estuprando.
– O q...?
– Sabe, nós somos um povo muito sensual no Brasil. Começamos
nossa vida sexual cedo e livres de culpa.
– Eu não to entend...
– Olha, embora eu estivesse a fim de fazer sexo com alguns
caras, eu odiava ele, lembra? E ele me obrigou mesmo assim. Eu quase não
conseguia respirar porque ele tapou minha boca, então eu desmaiei depois de
sentir muita dor.
O rosto de Daryl endureceu e foi impossível continuar
olhando para ela. Ela tocou o braço dele com muito carinho, o que só o fez tentar
se desvencilhar.
– Veste isso antes que tu congele.
– Obrigada. Será que a gente acha uma calça?
Ele a ajudou naquela escuridão, até que encontraram a mesma
calça juntos. Nadia pensou que já tinha lhe dado o tempo que precisava para
estar pronto para ouvir mais e ela terminou a sua história antes de entrar no
carro para trocar a bermuda.
– Voltei a ser doce por causa disso, sabe? Passei muito
tempo em silêncio, pensando, então percebi que eu deveria ter previsto isso. Eu
merecia.
– Como pode dizer isso?
– Todos nós merecemos o que recebemos. Eu li muitos livros,
assisti a toneladas de filmes, ouvi umas bandas boas e decidi mudar. Não sei o
que fiz pra merecer perder meus pais – sim, meu pai morreu no ano passado, mas
talvez essa fosse a única maneira de me trazer aqui. Talvez esse seja o lugar
onde nós podemos resolver as coisas em vez de sermos extintos. Enfim, eu te
contei meu segredo porque não quero que tu pense que isso é como o HIV, quer
dizer, acho que sexo é uma coisa natural e eu não fui infectada com ele. Quero
te... ter... como alguém... muito perto de mim, agora. Mas tu não precisa ter
pressa e pode te sentir livre pra me dizer que não me quer.
– Tu fala comigo como se eu fosse uma menininha! Eu não sou
um idiota! Eu disse que a gente se casou, não disse?! E não tem como eu te
infectar! Tu disse que me quer, não disse?! Tu acha que eu sou uma bicha?!
Apesar de toda aquela verborragia, ele não era capaz de
fazer nada além de andar pra lá e pra cá! Ela esperava que ele fizesse algo
quando o irritou de propósito, só para ver se a raiva era capaz de motivá-lo, já
que o amor não era.
“Acho que tu deve te livrar dos preconceitos”, foi o
pensamento dela enquanto ele finalmente conseguiu usar sua “masculinidade” como
desculpa para abraçá-la fortemente e beijar seus lábios descontroladamente. Ele
não admitiria que tinha imaginado aquele momento algumas vezes antes, mas
disse que ela era sua última esperança. A última esperança da humanidade, na
verdade.
– Agora vou te proteger 24 horas por dia. Nada vai acontecer
contigo, porque tu não merece e eu vou ser o responsável por garantir que o
mundo te trate bem. Sinto que estamos perto de uma solução.
Podemos encontrar
um lugar seguro. Tu realmente tem 23?
Ela abriu um imenso sorriso para ele, os olhos brilhando, e
balançou a cabeça afirmativamente.
– Então vamos entrar no carro. – sugeriu ele, as mãos pelo
corpo dela, sorrindo com o canto da boca.